Um empreendedor de sucesso retorna inesperadamente… o que ele descobre muda tudo.
E ela também quer impressionar você. Me impressionar. Ela sempre fala do senhor, Sr. Ricardo. Ela diz que quando crescer e for muito inteligente, poderá colaborar com o senhor na sua empresa. Ela menciona que quer ser bem-sucedida como o pai.
Por que você acha que eu a demitiria? Porque você ficou sério quando me mandou para o meu quarto, e a mamãe sempre fica chateada quando as empregadas fazem coisas que ela não pediu. Ricardo olhou para Antonela, que mais uma vez havia desviado o olhar. “Elena, venha aqui”, disse Ricardo, ajoelhando-se para ficar na altura dos olhos da filha. A menina aproximou sua cadeira de rodas. “Você gosta dela, Antonela?” “Muito. Ela é minha melhor amiga.”
“Por que ela é sua melhor amiga?”, Elena pensou por um momento. “Porque ela brinca comigo, me escuta quando falo e nunca me apressa quando demoro para fazer as coisas. E ela me acha inteligente, mesmo que às vezes eu me sinta idiota. E eu também sou seu amigo”, perguntou Ricardo, com o coração apertado.
Elena hesitou, e Ricardo viu uma tristeza no rosto da filha que o perfurou como uma adaga. “Você é meu pai, não meu amigo”, disse Elena suavemente. “Pais são importantes, mas amigos são aqueles que passam tempo com você.” Ricardo sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Olhou para Antonela, que também estava visivelmente comovida. “Elena, eu gostaria muito de ser seu amigo.”
“Você também me ensinaria.” Os olhos de Elena brilharam. “Sério, papai, muito sério. Depois você tem que brincar comigo, ouvir minhas histórias e vir me ver e a Toñita fazendo meus exercícios.” Ricardo sorriu, experimentando uma emoção que não sentia há anos. “Perfeito. Amanhã de manhã eu quero ver esses exercícios.” “Sério”, Elena bateu palmas de alegria.
Toñita, você ouviu? Papi, ele vai ver o que estamos fazendo. Antonela sorriu, mas Ricardo viu preocupação em seus olhos. Sr. Ricardo, o senhor não costuma estar em casa de manhã. Estarei em casa amanhã, declarou Ricardo com firmeza. Na verdade, acho que preciso reavaliar algumas prioridades.
Elena se aproximou e abraçou o pai da cadeira de rodas. Papai, agora tenho duas melhores amigas, você e Toñita. Ricardo abraçou a filha, sentindo um amor tão intenso que quase o sufocou. Como ele havia permitido que aquela menininha maravilhosa escapasse tanto da sua vida? Agora vá dormir, campeão. Amanhã será um dia muito especial. Depois que Elena subiu no elevador, Ricardo se virou para Antonela.
Obrigado, disse ele simplesmente. “Por quê, senhor? Por cuidar da minha filha quando eu não sabia como.” Antonela sorriu timidamente. “Ela é uma garota especial, senhor. Qualquer um se apaixonaria por ela, mas nem todos dedicariam seu tempo livre a ajudá-la. Nem todos teriam a paciência e o conhecimento que o senhor possui.”
Sr. Ricardo, posso lhe fazer uma pergunta? Claro. O senhor vai mesmo estar aqui amanhã de manhã? Ricardo parou para pensar. Ele tinha cinco reuniões agendadas antes das 9h. Ele tinha uma videoconferência com sócios em Singapura às 8h. Ele tinha um relatório para entregar antes do meio-dia. “Sim”, disse ele, surpreso. “Estarei aqui.”
Naquela noite, Ricardo subiu para o quarto, refletindo sobre a conversa. Gabriela ainda não havia retornado. Ele então aproveitou a oportunidade para entrar no quarto de Elena. A menina dormia, mas sua cadeira de rodas estava cuidadosamente estacionada ao lado da cama, pronta para o dia seguinte. Ricardo sentou-se na beira da cama e observou a filha adormecida. Como aquela menininha havia crescido tanto sem que ele percebesse.
Quando Elena se tornou essa pessoa corajosa e determinada? Você chegou cedo hoje, comentou ela, tirando os sapatos Jimmy Chu. Aconteceu alguma coisa? Gabriela, precisamos conversar sobre o quê? Ela se acomodou no sofá de veludo cinza ao lado dele. Sobre Elena, sobre nossa família, sobre o que está acontecendo nesta casa. Gabriela suspirou.
Ricardo, se se trata de mais especialistas para a Elena, eu já te disse que não se trata de especialistas, mas sim da Antonela, a funcionária. O que há de errado com ela? Você sabia que ela faz exercícios de terapia cognitiva com a Elena todos os dias? Gabriela desviou o olhar. Você sabia? E você não me disse por quê. Porque você ia se preocupar com responsabilidades legais, processos, essas coisas com as quais você sempre se preocupa.
Gabriela está ajudando nossa filha a desenvolver habilidades que os médicos disseram que levariam anos para adquirir. Você acha que eu não percebo o progresso dela? Então por que você não me contou? Gabriela se levantou e começou a andar de um lado para o outro na sala. Porque você nunca está aqui, Ricardo. Porque quando está, você quer saber se Elena tomou os remédios, se fez fisioterapia, se fez a lição de casa.
Você nunca pergunta se ela riu hoje, se ela se divertiu, se ela estava feliz. Ricardo permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras da esposa. E Antonela. Antonela faz Elena sorrir. Ela a faz acreditar que pode conseguir qualquer coisa. Então eu a deixei continuar porque minha filha precisa disso. Por que você nunca me disse que se sentia assim? Gabriela parou de andar e olhou para o marido.